segunda-feira, 23 de abril de 2012

Um bom domingo e fica um recadinho...

Boa noite pessoal,
Gostaria de, além de mostrar nossos queridos amigos, deixar um recadinho para todos.







Bem pessoal, depois de ver estes belos e saudáveis amiguinhos, gostaria de deixar um recadinho sério para todos vocês.
Existem animais que sofrem muito com algo chamado Doença renal, e deixei aqui um texto esclarecedor para quem deseja saber um pouco mais sobre, este que foi tirado de uma monografia de mestrado de Cláudia Freitas do ano de 2010 sobre Estadiamento da Doença Renal Crónica em Felinos.

"A Doença Renal Crónica (DRC) caracteriza-se pela perda da funcionalidade renal devido a lesões estruturais irreversíveis, que levam à destruição de pelo menos 75% dos nefrónios funcionais em ambos os rins. É uma doença de evolução insidiosa, progressiva e irreversível. Esta é frequente nos nossos animais de companhia, sendo apontada como a doença renal mais frequentemente diagnosticada  (Grauer, 2009) e a segunda causa de morte mais comum em felinos (Schenck & Chew, 2010). Embora possa ocorrer em gatos de todas as idades, é mais comummente diagnosticada em animais mais velhos com idade superior a 7 anos (DiBartola, 2009). Estima-se que cerca de 1,6 a 20% da população felina seja afectada pela DRC (Polzin et al., 2005). A  Sociedade Internacional de Interesse Renal (IRIS) propôs um sistema de classificação para a doença renal, que a categoriza em quatro estadios consoante parâmetros definidos, com o objectivo de facilitar a aplicação de orientações clínicas adequadas para o diagnóstico, tratamento e prognóstico da doença (Polzin et al., 2005).
Para a terapêutica a longo prazo ser bem sucedida está aconselhada a associação de um tratamento nutricional ao tratamento médico. Este tem como principal objectivo retardar a progressão da doença, permitindo uma melhoria da qualidade e sobrevivência destes pacientes.O controlo precoce do fósforo pode aumentar o tempo de sobrevivência do paciente, pois está provado que este mineral tem correlação com a progressão da doença. A terapia nutricional, porém, não significa simplesmente  alterar a dieta, é necessário também assegurar adequada ingestão calórica e dar atenção ao método de alimentação para estimular o apetite nestes animais (Polzin et al., 2005). Recentemente foi proposto que o termo doença renal deve ser utilizado em detrimento do termo  insuficiência renal. Ao usar o termo doença renal e através do estadiamento da gravidade da doença irá facilitar a compreensão, comunicação e aplicação das orientações de maneio destes pacientes (Roudebush et al., 2009).A doença renal define-se como a presença de alterações funcionais e estruturais em um ou ambos os rins. É caracterizada pela redução da função renal ou pela presença de lesões renais.O uso dos termos  doença renal,  falha renal,  insuficiência renal,  azotémia e  urémia como sinónimos pode levar a um diagnóstico errado e tratamento inadequado. Doença renal não deve utilizar-se como sinónimo de insuficiência renal ou urémia. Dependendo da quantidade de parênquima renal afectado e da gravidade e duração das lesões, a doença renal pode produzir ou não insuficiência renal ou urémia. É importante fazer esta distinção, pois os tratamentos de apoio e sintomático para corrigir os desequilíbrios hidro-electrolítico, ácidobase, de nutrientes e endócrinos nos pacientes com insuficiência renal, normalmente não são adequados para os pacientes com doença renal sem disfunção renal. A doença renal pode afectar os glomérulos, túbulos, tecido intersticial e vasos. A causa ou causas específicas podem, ou não, ser conhecidas. No entanto, a informação quantitativa acerca da função renal não está definida ou implícita no termo doença renal (Polzin et al., 2005).O conceito de que função renal adequada não é sinónimo de função renal normal é importante para compreender a diferença entre  doença renal e insuficiência ou falha renal. O termo falha renal descreve o nível de disfunção orgânica e não uma entidade patológica  específica. De forma semelhante o termo  insuficiência renal implica disfunção renal, mas a um nível menos grave que a falha renal (Polzin et al., 2005).A urémia ou síndrome urémica define-se como a síndrome tóxica multissistémica resultante duma função renal anormal. Independentemente da causa esta surge quando a integridade estrutural e funcional de ambos os rins está comprometida e os sinais multissistémicos da insuficiência renal se manifestam clinicamente. As doenças renais são muito comuns em gatos. A DRC é uma das causas mais frequentes de morbilidade e mortalidade tanto nos gatos como nos cães, e encontra-se entre as doenças mais diagnosticadas em felinos geriátricos (Francey & Schweighauser, 2008; Polzin et al., 2005). Apesar de afectar sobretudo animais velhos, a DRC surge com uma frequência variável em cães e gatos de todas as idades. Estima-se que a prevalência em gatos idosos seja três vezes superior comparativamente aos cães idosos, mas em ambas as espécies a incidência aumenta com a idade. A prevalência desta doença tem apresentado uma tendência crescente, o número de casos diagnosticados em gatos quadriplicou entre 1980 e
1990. Este aumento poderá estar relacionado com uma maior preocupação proprietários com a saúde dos seus animais, principalmente dos animais idosos, juntamente com um maior empenho por parte dos Médicos Veterinários no diagnóstico das doenças renais (Barber, 2004). Esta  doença é mais frequentemente diagnosticada em gatos com idade superior a 7 anos como demonstra um estudo retrospectivo realizado em que 53% dos gatos diagnosticados com DRC apresentavam mais
de 7 anos de idade, no qual o intervalo de idades variava entre 9 meses e 22 anos. Houve um aumento que foi verificado entre 1990 e 2000 pode ser devido a um crescimento real na incidência da DRC na população felina ou apenas a uma maior
eficácia no diagnóstico da doença (Ross et al., 2006).De acordo com alguns estudos realizados a frequência da DRC é semelhante entre fêmease machos, no entanto, verificou-se uma incidência cinco vezes superior em gatos  British shorthair, Birmaneses, Somali e Angora (Ross et al., 2006). Alguns estudos fazem também referência às raças Maine Coon, Abissínia, Siamesa e Azul da Rússia (Palacio, 2010).Sempre que possível a causa da DRC deve ser investigada, embora qualquer processo que leve a destruição do tecido renal possa estar na sua base (Brown, 1998). O tratamento específico que permite controlar ou  eliminar a causa primária não altera as lesões renais irreversíveis já existentes, mas é importante para abrandar o desenvolvimento de lesões renais adicionais.
Os processos primários que podem levar ao desenvolvimento de DRC incluem inúmeras doenças familiares, congénitas ou adquiridas. Dentro das doenças familiares encontra-se a amiloidose nos gatos Abissínios e Orientais de pêlo curto e a doença dos rins poliquísticos nos gatos Persa e  Hymalaia. Dos processos adquiridos fazem parte (1) as doenças infecciosas bacterianas, micóticas (blastommicose), leptospirose, leishmaniose, peritonite infecciosa felina (PIF), (2) as glomerulopatias, (3) a amiloidose, (4) neoplasias como linfossarcoma, carcinoma das células renais, nefroblastoma, entre outras, (5) consequência da insuficiência renal aguda (IRA), (6) hidronefrose bilateral por granuloma, carcinoma das
células de transição (no trígono vesical) ou nefrolitíase, (7) rins poliquísticos adquiridos, (8)hipercalcémia maligna ou consequência  de hiperparatiroidismo primário, e (9) causas idiopáticas (Polzin et al., 2005).Os retrovírus felinos FIV e FeLV podem ser potenciais causas, ainda que pouco frequentes,de glomerulonefrite em gatos. Amiloidose e glomerulonefrite são processos menos comuns, mas linfoma renal, doença do rim poliquístico, pielonefrite crónica merecem destaque como causa de DRC em felinos. O linfoma renal é uma importante causa de DRC nos gatos.
Alguns alimentos podem ser a causa da DRC. A deficiência em potássio na dieta ocasionalmente ainda é causa de DRC em
gatos, mas em menor escala, pois a indústria adicionou sais de potássio à composição da ração comercial de cão e gato. Durante o início de 2007, na América do Norte foi descrita a ocorrência de IRA em cães e gatos provocada pela ingestão de alimentos contaminados, aparentemente devido à melamina e ácido cianúrico presentes nos suplementos. Processos semelhantes podem levar ao desenvolvimento de insuficiência renal sub-aguda ou lesão renal crónica, provocando assim DRC (Chew & DiBartola, 2007). O grau de suplementação de vitamina D em muitos alimentos comerciais de gato é preocupante, pois esta pode  provocar  hipercalciúria levando a lesões renais irreversíveis. Um estudo epidemiológico demonstrou que a alimentação ad libitum em gatos aumenta o risco de desenvolvimento de DRC. A perda de peso é também um sinal frequente, associada a uma má condição corporal. Letargia ou depressão são igualmente sinais comuns descritos pelos proprietários. Nictúria ou urinar em locais inadequados também  podem ser observados e devem diferenciar-se de outras possíveis causas, como alterações comportamentais (Rand, 2006).A fraqueza ocorre em cerca de 50% dos animais e é frequentemente associada a hipocalémia. Os donos descrevem que os gatos ficam relutantes em saltar ou apresentam um salto instável e tornam-se menos activos. A constipação/obstipação também é frequente, como resultado da desidratação. O vómito é menos comum, e se estiver presente é geralmente intermitente (Rand, 2006). Examina-se a cavidade oral para verificar a cor das mucosas (geralmente pálidas em caso de anemia), a presença ou não de úlceras ou necrose da ponta da língua. Um exame do fundo do olho pode fornecer evidência de problemas na retina associados a hipertensão sistémica secundária a doença renal (Rubin, 2000).  A frequência e o tipo de pulso, o tempo de repleção capilar e a frequência cardíaca devem ser registados. Os animais jovens em crescimento que apresentam DRC podem desenvolver
osteodistrofia fibrosa, que se caracteriza pelo alargamento e deformação do maxilar e mandíbula (Ford & Mazzaferro, 2006). A urina normal é inibidora do crescimento bacteriano, devido à alta osmolaridade, teor em sais, entre outros factores. Sempre que a composição urinária é alterada, como ocorre na DRC, aumenta o risco de crescimento bacteriano e consequente desenvolvimento de ITU. Nos felinos com DRC podem surgir encefalopatias metabólicas e neuropatias periféricas. As alterações do estado mental dos pacientes com DRC geralmente estão associadas a mau prognóstico a curto prazo. Outros sinais que podem surgir incluem: fraqueza dos membros, ataxia, tremores, convulsões e mioclonias. Em casos de DRC avançada, os pacientes podem apresentar sinais neurológicos cíclicos e episódicos. A gravidade e progressão destes sinais variam directamente com o desenvolvimento da urémia. A restrição proteica na dieta tem sido associada a efeitos benéficos nos gatos com DRC, nomeadamente no aumento do tempo de sobrevivência do animal (Elliott et al., 2000). Por este facto, a redução na ingestão de proteína tem sido, ao longo dos anos, a base do tratamento nutricional destes pacientes (Alen et al., 2000).A quantidade ideal de proteína nas dietas de animais com DRC ainda não foi estabelecida,
no entanto, é recomendado por alguns autores que a ingestão de proteína deve ser restrita a cerca de 20% do total de calorias da dieta dos felinos com DRC (Surgess, 2008).Os felinos necessitam de  altos níveis de arginina e taurina, pois estes sintetizam apenas uma pequena quantidade de taurina e não podem utilizar a glicina para a conjugação de ácidos biliares se existe restrição de taurina. Assim, uma fonte animal de taurina é necessária na dieta destes pacientes (Schenck & Chew, 2010).Nos pacientes com DRC esta situação resulta frequentemente de uma inadequada ingestão de alimentos. No mercado estão disponíveis alimentos especialmente formulados para estes animais, que contêm proteína, calorias e outros nutrientes em quantidade suficiente para fornecer uma ingestão adequada quando é ingerida nas porçõesapropriadas. Alguns gatos nos estadios III e IV da DRC recusam-se a comer a dieta voluntariamente, independentemente da palatabilidade ou do conteúdo em nutrientes.Quando a má nutrição é evidente ou suspeita a abordagem deve ser feita de forma gradual para facilitar uma ingestão adequada. Os  felinos podem desenvolver aversão à dieta se esta for introduzida em momentos de stress, como no caso da hospitalização ou alimentação forçada, por isso, o novo alimento deve ser implementado em casa, com o animal mais calmo. Nesse caso o proprietário deve ser educado acerca do importante papel do maneio nutricional no aumento do tempo de sobrevivência e qualidade de vida do seu animal. Para que o tratamento seja bem sucedido é necessário que o dono entenda os seus benefícios (Roudebush et al., 2009).
A temperatura pode ser importante, geralmente os gatos preferem o alimento fresco à temperatura ambiente. Alguns podem comer o alimento refrigerado previamente aquecido. A textura e formulação do alimento são aspectos importantes nos felinos. Alguns animais demonstram preferência por alimento seco ou húmido quando se encontram saudáveis, mas quando se desenvolve a doença renal podem alterar as suas preferências(Roudebush et al., 2009).
A adição de intensificadores de sabor, como calda de galinha com baixo teor de sódio, levedura de cerveja, pequena quantidade de comida normal, podem ser úteis para aumentar a palatabilidade e estimular o animal a ingerir a nova dieta. No entanto, é necessário ter em atenção as quantidades, pois o uso excessivo de outros alimentos pode diminuir os efeitos
benéficos do tratamento nutricional (Roudebush et al., 2009).Se todos estes passos falharem, uma marca de alimento diferente pode ser oferecida. Deve evitar-se fornecer amostras de várias marcas  distintas  ao proprietário, ao mesmo tempo,
uma vez que o animal poderia desenvolver aversão alimentar a todas  essas dietas (Roudebush et al., 2009).
Os rins são os  principais órgãos responsáveis pela manutenção do equilíbrio hidroelectrolítico corporal através da preservação ou excreção de água e electrólitos, conforme as necessidades do organismo  (Polzin, 2009b). A ingestão inadequada de água em pacientes com DRC está associada a desidratação, diminuição da perfusão renal e agravamento adicional da função renal. Alguns gatos apresentam uma agudização da DRC, devido ao esgotamento súbito de volume, enquanto outros desenvolvem desidratação crónica ou recorrente e hipoperfusão renal (Sparkes, 2006). A perda adicional da função renal devido à lesão aguda é uma causa potencialmente importante para a progressão da DRC.Os gatos que apresentam  DRC agudizada  necessitam de fluidoterapia endovenosa e reavaliação da azotémia após a correcção da desidratação, para permitir a avaliação precisa da função renal. "


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